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Não baixe a guarda!

Na verdade, a maioria das vacinas requer doses de reforço para funcionar.

Tomemos a tríplice viral como exemplo — que protege contra sarampo, caxumba e rubéola — dada a bebês em todo o mundo para prevenir essas infecções infantis fatais.

Cerca de 40% das pessoas que receberam apenas uma dose não estão protegidas dos três vírus, em comparação com 4% das pessoas que receberam a segunda.

As pessoas do primeiro grupo têm quatro vezes mais probabilidade de pegar sarampo do que as do segundo — e houve surtos em locais onde uma alta proporção de pessoas não completou o esquema de vacinação.

Como funcionam as vacinas de reforço

Quando recebemos uma vacina pela primeira vez, nosso sistema imunológico ativa dois tipos importantes de glóbulos brancos. Em primeiro lugar, as células B do plasma, que se concentram principalmente na produção de anticorpos.

Infelizmente, esse tipo de célula tem vida curta, portanto, embora nosso corpo possa estar repleto de anticorpos em apenas algumas semanas, sem a segunda injeção, há um declínio rápido deles em nosso organismo.

Em segundo lugar, há as células T, cada uma das quais especificamente adaptada para identificar um patógeno específico e matá-lo.

Algumas delas, células T de memória, são capazes de permanecer em nosso corpo por décadas até encontrarem seu alvo — o que significa que a imunidade a vacinas ou infecções pode, às vezes, durar a vida toda.

Mas, crucialmente, não teremos muitas células desse tipo até recebermos uma segunda dose.

A dose de reforço é uma forma de expor novamente o corpo aos antígenos — as moléculas dos patógenos que ativam o sistema imunológico — para iniciar a segunda etapa da resposta.

"Ao recebermos essa dose de reforço, teremos uma frequência mais alta de células T de memória e também, até certo ponto, uma maior quantidade de células B. Elas também estarão produzindo anticorpos de maior qualidade", diz Danny Altmann, professor de imunologia na Universidade Imperial College, em Londres.

Na segunda exposição à mesma vacina ou patógeno, as células B remanescentes são capazes de se dividir rapidamente e produzir um contingente ameaçador de cópias, levando a um segundo pico na quantidade de anticorpos circulantes.

A segunda dose também inicia o processo de "maturação das células B", que envolve a seleção das células ainda não maduras (desenvolvidas) com os melhores receptores para a ligação a um determinado patógeno.

Isso acontece enquanto elas ainda estão na medula óssea — onde são produzidos os glóbulos brancos — e depois viajam para o baço para terminar de se desenvolver.

Neste sentido, as células B não são apenas mais numerosas depois da vacinação de reforço, mas os anticorpos que elas produzem são melhor direcionados.

As células T de memória, por sua vez, também se proliferam rapidamente. Acredita-se que elas desempenharam um papel crítico durante a pandemia atual, protegendo algumas pessoas do desenvolvimento da covid-19 grave.

Embora o vírus possa estar circulando apenas globalmente desde dezembro de 2019, há algumas evidências de que as células T de memória podem ter "se deparado" com outros coronavírus antes, como aqueles que causam o resfriado comum — permitindo-lhes reconhecer a covid-19.

Fonte: https://www.bbc.com/portuguese/geral-55704517